Luanda contacta Kinshasa para conter vaga de expulsões
08-Out-2009
O vice-ministro das Relações Exteriores de Angola, George Chicoty, disse hoje que as autoridades angolanas estão a manter contactos "ao mais alto nível" com o Governo da RD Congo para "conter" a expulsão de cidadãos angolanos.
George Chicoty, que lidera a comissão constituída pelo Governo angolano para acompanhar o caso, referiu que "é urgente" este contacto com as autoridades congolesas para uma sensibilização no sentido de conter a situação.
"Pensamos que é urgente num primeiro tempo, a um nível mais alto, tentarmos sensibilizar para conter a situação e, num segundo tempo, trabalhar a um nível mais adequado das comissões mistas bilaterais", disse o vice-ministro.
Segundo o governante angolano, as comissões mistas bilaterais devem trabalhar na análise de questões ligadas à fronteira, de modo geral, e dos cidadãos estrangeiros e refugiados em ambos os países.
O número de angolanos que entram no país pelas fronteiras das províncias do Zaire, Cabinda e Uíge, já atingiu os 3.000, consequência do repatriamento forçado, que se verifica desde segunda-feira. Só na fronteira de Kimbata, no Uíge, estão concentrados mais de 1.000 repatriados e o governador provincial Mawete Baptista já alertou para a chegada iminente de mais 15 mil.
Angola e República Democrática do Congo têm uma extensão de fronteira terrestre de mais de 2.000 quilómetros e com a República do Congo, país que deu início às expulsões, uma faixa de mais de 200 quilómetros.
Os repatriamentos forçados do Congo-Kinshasa começaram na segunda-feira depois do Parlamento congolês ter aprovado uma resolução de expulsão de angolanos, o que está a ser encarado por Luanda como uma resposta às operações de repatriamento de congoleses ilegais das zonas diamantíferas das Lundas, Norte e Sul.
Nos últimos anos foram expulsos de Angola mais de 100 mil congoleses que se dedicavam ao garimpo ilegal de diamantes.
Mais de mil angolanos são expulsos da RD Congo
Mais de mil angolanos expulsos da República Democrática do Congo (RDC) estão concentrados junto à fronteira de Kimbata, Uíge, e são esperados mais 15 mil no mesmo local, afirmou o governador da província, Mawete Baptista.
"Mais de 15 mil pessoas encontram-se a caminho em direcção a fronteira de Kimbata expulsos de forma triste pelas autoridades do país vizinho, não sendo angolanos ilegais naquele território", lamentou Mawete Baptista citado pela imprensa estatal angolana.
A expulsão de angolanos da RDC começou na segunda-feira depois do Parlamento de Kinshasa ter aprovado uma autorização legal para o efeito. Actualmente são já milhares, embora sem números oficiais, os cidadãos angolanos expulsos por populares congoleses para as fronteiras, com destaque para as províncias angolanas de Cabinda, Zaire e Uíge.
Angola e o Congo-Kinshasa partilham uma fronteira de dois mil quilómetros e em mais de uma dezena de postos fronteiriços foram registados agrupamentos de pessoas que deixaram a RDC, alguns após dezenas de anos de permanência no país vizinho.
A exemplo do que acontece nas fronteiras da província do Uíge com a RDC, também no Zaire e Cabinda, as autoridades provinciais e o Ministério da Reinserção e Assistência Social estão a colocar no terreno equipas para ajudar e apoiar os repatriados com bens essenciais, nomeadamente tendas, roupas e alimentos. A par de Kimbata, no Uíge, onde o governador local, Mawete Baptista, já alertou para a chegada em breve de mais 15 mil pessoas, é em Pedra do Feitiço, no Zaire, onde se concentra o maior número de repatriados.
Perante este cenário, onde o número de angolanos expulsos da RDC nas fronteiras cresce a cada dia que passa, o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas angolanas, general Francisco Furtado, já disse, em declarações à Lusa, que Luanda não deve ripostar com medidas semelhantes.
Francisco Furtado sublinhou, no entanto, que existem mais de um milhão de congoleses em Angola e que os angolanos que estão a sair à força da RDC não são ilegais já que muitos são estudantes, outros refugiados do tempo da guerra e há também pessoas que ali viviam há mais de 30 anos com a sua situação regularizada. "Mas os congoleses repatriados de Angola são todos ilegais que se dedicavam ao garimpo ilegal de diamantes", apontou o general.
Também o governo já criou uma comissão, liderada pelo vice-ministro das Relações Exteriores, George Chicoty, que vai negociar com as autoridades de Kinshasa uma solução para o problema. Os angolanos expulsos da região de Muanda, no Baixo Congo, relataram que algumas rádios locais estão a lançar apelos à população para perseguirem angolanos em retaliação pelas expulsões de Angola.
Os congoleses que foram expulsos de Angola são apontados pelos angolanos repatriados como os principais protagonistas das perseguições a angolanos em território da RDC.
Fonte: Diário de Notícias, 8 de Outubro de 2009
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